Visitantes

quarta-feira, 8 de junho de 2016


Livro: A Estepe - Anton Tchekoff


O mestre das narrativas curtas do século 19, Anton Tchekoff, brilhante escritor russo, contista e dramaturgo têm sido aclamado e considerado mestre do conto moderno. Tchekoff, foi médico, mas afirmava: “ A medicina é minha legítima esposa; a literatura é apenas minha amante”. Foi citado por Alfredo Bosi como um “pescador de momentos singulares cheios de significação”.
Tchekoff escreveu muitas crônicas sobre a vida russa. Em Abril de 1887, ele escreve uma carta para sua irmã:

“... Há um aroma de estepe e se ouve os pássaros cantarem. Eu vejo meus velhos amigos os corvos voando sobre a estepe.”

 Em 1888, Tchekoff escreve uma de suas obras primas: A Estepe.

Grande júbilo despertou em minha alma ao reler essa literatura clássica mundial.  Verdadeiramente um clássico contemporâneo da literatura russa, uma delícia de leitura estranha e original em que se reflete uma imagem da planície russa e seus tipos humanos, tudo recriado pelo prisma da percepção infantil do seu personagem principal, o garoto Iegoruchka, que faz uma longa viagem para ir estudar fora, contrariado da sua vontade, mas por insistência da mãe que acreditava que seu futuro não estava no local, o menino embarca nesta viagem acompanhado de seu tio (um comerciante) e de um padre.

Também apresenta o caráter múltiplo do texto: um relato da experiência, uma narrativa ficcional, um estudo de tipos humanos, a pintura da natureza, além de retratos das atividades econômicas, das relações sociais e das mudanças de comportamento em curso.

Numa das cartas, Tchekoff, escreve: “Meu objetivo é matar dois pássaros com um tiro: descrever a vida de modo veraz e mostrar o quanto essa vida se desvia da norma. Norma desconhecida por mim, como é desconhecida por todos nós”.

O livro mostra de forma clara a realidade russa da sua época, retrata a pobreza ao mesmo instante que mostra a imensidão da estepe russa. Durante a viagem Iegoruchka, pode contemplar a paisagem e os campos, conhece outras pessoas, e gradativamente vai despertando no garoto a curiosidade com o mundo á sua volta.

Tchekoff, nos presenteia com esta história, rica em detalhes e nobre em  simplicidade. Ao mostrar mudanças de fases, medo, solidão e sonhos sob o olhar de um menino pobre de 10 anos, que saindo da sua cidade deixando a proteção de sua mãe, parte em busca de novos horizontes, sozinho para enfrentar os desafios da vida adulta.

O elemento chave nesta história é o padre Cristóvão, que ao longo do percurso distribui sorrisos, otimismo e sempre tem uma palavra para o menino. Essa relação de confiança e amizade vai crescendo ao decorrer da história. O clérigo iluminado que tenta incutir ao jovem a luz do saber.

O ponto alto do livro a mensagem final é o conhecimento como caminho para o progresso. A história termina com um raio de luz numa expressão de bondade humana e de esperança num mundo melhor. 
Simplesmente delirante!
Flávia Couto Basso.












Um comentário:

  1. Como sempre, uma brilhante análise e uma instigante perspectiva! Parabéns, Flávia Basso.

    ResponderExcluir