Visitantes

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Filme: As Faces de Helen
[Sobre a Depressão]


Quem assistiu entendeu a mensagem, pra quem não assistiu vale a pena assistir. Porém, não precisa ir muito longe basta olhar ao nosso redor e notar a zombaria da própria sociedade ou da burocracia estatal tornando-os prioridades só para aqueles que estão no poder, a nossa própria humanidade está derretendo. 



A psicologia social ajuda pensar novos caminhos para a concepção de um novo homem, sem dúvida a solidariedade ao próximo não pode faltar então chegamos no ponto crucial da história: A desumanização do humano. A sociedade hierarquiza as pessoas valendo-se de indicadores, principalmente econômicos, de modo que, quanto mais alto alguém esteja na piramide social, mais humano ele seja. E quanto mais baixo estiver menos humano é. Devemos estar atentos sim, pois é raro, a sociedade conseguir enxergar os problemas do seu próprio tempo. 

O filme, 'As faces de Helen' conta a história de uma professora de música, uma mulher bem sucedida tanto no trabalho como nos relacionamentos familiares. No inicio do filme Helen apresenta os sinais prelúdios depressivos que evoluem para um episódio grave com tentativa suicida desencadeada pelo uso de antidepressivo sem associação do estabilizador de humor. Durante o tratamento psiquiátrico seu esposo descobre que Helen já havia apresentado um episódio anterior. Porém, devido a dificuldade da personagem de lidar com a sua doenças, esta omitiu de seus familiares sua história anterior. A família de Helen tenta ajudá-la, mas ninguém é capaz de lidar com sua dor e compreender a profunda e debilitante depressão, que a coloca dentro do transtorno da bipolaridade. Considerado um filme sério com roteiro bem acurado em relação à patologia.

Muitos pacientes com episódios depressivos que tem um transtorno bipolar subjacente, porém não reconhecido, recebem tratamento farmacológico com esquemas ineficazes de antidepressivos sem associação de estabilizadores de humor. É importante ressaltar que a maioria das pessoas que sofrem de transtorno bipolar tem depressão. Esta é a mais intensa, persistente e perturbadora. Podemos haver diferentes combinações de sintomas de depressão, e estes podem vir acompanhados de sintomas de mania ou hipomania. 


Os sintomas mais comuns da depressão são: 


Além do estado deprimido (sentir-se deprimido a maior parte do tempo, quase todos os dias) e da anedonia (interesse e prazer diminuídos para realizar a maioria das atividades) são sintomas da depressão:

1) alteração de peso (perda ou ganho de peso não intencional); 2) distúrbio de sono (insônia ou sonolência excessiva praticamente diárias); 3) problemas psicomotores (agitação ou apatia psicomotora, quase todos os dias); 4) fadiga ou perda de energia constante; 5) culpa excessiva (sentimento permanente de culpa e inutilidade); 6) dificuldade de concentração (habilidade diminuída para pensar ou concentrar-se); 7) ideias suicidas (pensamentos recorrentes de suicídio ou morte); 8) baixa autoestima, 9) alteração da libido.

Muitas vezes, no início, os sinais da enfermidade podem não ser reconhecidos. No entanto, nunca devem ser desconsideradas possíveis referências a ideias suicidas ou de autodestruição.

Diagnóstico:

O diagnóstico da depressão é clínico e toma como base os sintomas descritos e a história de vida do paciente. Além de espírito deprimido e da perda de interesse e prazer para realizar a maioria das atividades durante pelo menos duas semanas, a pessoa deve apresentar também de quatro a cinco dos sintomas supracitados.

Como o estado depressivo pode ser um sintoma secundário a várias doenças, sempre é importante estabelecer o diagnóstico diferencial.

Tratamento:

Depressão é uma doença que exige acompanhamento médico sistemático. Quadros leves costumam responder bem ao tratamento psicoterápico. Nos outros mais graves e com reflexo negativo sobre a vida afetiva, familiar e profissional e em sociedade, a indicação é o uso de antidepressivos com o objetivo de tirar a pessoa da crise.

Recomendações:

A família dos portadores de depressão precisa manter-se informada sobre a doença, suas características, sintomas e riscos. É importante que ela ofereça um ponto de referência para certos padrões, como a importância da alimentação equilibrada, da higiene pessoal e da necessidade e importância de interagir com outras pessoas.


É interessante observar no filme que a intensidade dos sintomas aliada à demora em buscar o tratamento adequado podem prejudicar muito a vida de quem sofre com o transtorno. Além disso, o papel familiar retratado no filme remete à importância de ser oferecido o apoio necessário e a compreensão do quão sério pode ser um quadro como esse. O filme é dirigido por Sandra Nettelbeck, que se expressa de forma clara e objetiva, fazendo chegar até os telespectadores a mensagem certeira do sofrimento e suas consequências. 

Delírios e esquecimentos, ações que vão caminhar lado a lado com ela. è um drama rápido, onde as coisas acontecem nos momentos certos. A atriz conseguiu representar os sentimentos muito bem, de forma que, quem assistiu notou a relação de duas pessoas com depressão, uma que teve ajuda, recurso e encontrou apoio, visualizou o motivo que tinha para não desistir da vida, já a outra pessoa não entendia o que estava acontecendo, por isso tem um final diferente. O filme também mostra com clareza aqueles que querem ajudar mas não sabem como e o desespero daqueles que amam e ficam de mãos atadas.


As cores frias e o clima nublado do filme ajudaram a transmitir o sofrimento de Helen. A questão é suportar ou não o limite da depressão? Provocação que fez com que a diretora aproximasse Helen e Matilda. Retratando de um extremo ao outro, vivendo como se estivesse bem, mudando os rumos, as opções, a própria, em desespero profundo em busca de satisfação e/ou algum sentido para estar ali.


Frases impactantes filosóficas e reflexivas do filme:

"...Lembro de ter a sensação de que a realidade é fina. Eu acho que é fina como o gelo de um lago após esquentar, e preenchemos a nossa vida com ruídos, luz, movimentos, para esconder a finura de nós mesmos."

Esposo: "Mas como é que não percebi isso".

Médico: "Não é comum, alguns escondem muito bem. Devia ver os atores que temos na ala do suicídio."

Médico: "Ela não é infeliz é doente".

"As cinco melhores formas de se matar?"

"As cinco melhores formas de se viver?"

Helen: "Não posso voltar. Porquê? Eu continuo vendo todos a minha volta, mas é como se eu não fizesse mais parte". 

Helen: "As vezes ainda sinto como seu eu não fosse aguentar mais, mas sou grata por ainda estar viva". 

Esposo: "Não sabe o que é viver com a sombra da mulher que você ama".

É emociante ver como, em certos momentos, transmitir os sentimentos causados pela depressão (por parte de quem sofre para quem não sofre) parece impossível. Isso é contornado pela amizade de Helen e Matilda. Uma das partes que mais me chamou atenção, foi a conversa entre as duas após a tentativa fracassada de Helen de dar aula na universidade. Sem dúvida é uma cena filosófica, que demonstra a ineficácia dos conselhos vazios, dados por pessoas vazias (Matilda) que acham que depressão é apenas uma fraqueza de caráter, baixa auto estima, e etc, vemos que mesmo quem sofre de depressão consegue pensar positivo em certos momentos.

O filme tem narrativa surpreendente que deixa reflexões valiosas porque conseguiu tatear um sentimento sem nome e uma sensação intraduzível. 


"Continuo vendo todos a minha volta, mas é como se não pertencesse mais lá. Não importa o quanto seja longa a jornada ou quão profunda a descida. No fim, só é preciso um ultimo passo. Entre eu e a loucura. Entre a dor e o nada. Um único e pequeno passo. O que lembro é uma sensação de que a realidade é fina. Estou tentando lembrar quem eu era..."





O filme nos desorienta, nos aproxima deste universo isento de conforto, é como se fôssemos parte de cada sensação cortante da protagonista. Ótima atuação, humana e sensível. Asima de tudo, um filme honesto sobre a doença, visto que o roteiro e direção também expõe o lado daqueles que estão em volta dos depressivos - tanto os que incompreendem e não sabem muito bem lidar com a situação, como aqueles que tentam amparar. Um filme comovente que agride e faz refletir.






Nenhum comentário:

Postar um comentário