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domingo, 10 de julho de 2016

[Sobre o sentimento de solidão]
Melanie Klein, 1963.


Segundo Klein, o sentimento interno de solidão faz parte da condição humana. A insegurança paranoide, bem como os processos de integração levam a uma inevitável solidão. Para ela, este sentimento é o resultado de uma ânsia onipresente por um estado interno perfeito, vivenciada por todos, principalmente por pessoas com ansiedade e depressão.

Não se refere à situação objetiva de ver-se privado de companhia externa, mas sim à sensação interna de solidão, à sensação de restar só, sejam quais forem as circunstâncias externas, de sentir-se só inclusive quando se está rodeado de pessoas ou se recebe afeto. É um estado de solidão interna... (Klein, 1968 p. 154).

Não há dúvidas de que a solidão pós-moderna está ligada com a incapacidade de ver e lidar com este medo que nos interpela,nos espanta e mesmo com toda a facilidade das novas tecnologias vamos sendo, aos poucos, manipulados pelos meios que nos alimentam. Mergulhar nas águas das incertezas em meio ao turbilhão da solidão é sem receio nenhum o mal da contemporaneidade.

A solidão pode ser comparada a um abismo sem rastro. Conforme podemos constatar, trata-se de um sentimento passível de ocorrer e ser examinado na relação analítica, na medida em que, nelas, a pessoa procura o entendimento para tal solidão interior, resultando a busca em frustração, tornando o ser visivelmente invisível para si e para o mundo.

Ás vezes é necessário parar para se auto perceber encontrar um local que valoriza o silêncio, a tranquilidade, o suave cheiro dos doces, a decoração natural, é como sentir-se alimentado nos braços de uma mãe confiável sentindo-se saciado com avidez.

O problema muitas vezes é que: silêncios mais prolongados são considerados desinteresse e abandono, intervenções rápidas e frequentes são indícios de desvencilhar-se rapidamente do problema. Termos de sentimento de abandono, solidão e isolamento, faz o individuo necessitar mais de atenção, total e exclusiva. Nem sempre é fácil fazer com que a pessoa identifique a experiência de continência e constância que não possui em seu mundo interno.

Mas, ao forçarmos a mente somos capazes de perceber muitas coisas, estarmos só na presença de alguém, sentir-se em boa companhia, isto também ilustra solidão, porém, um relacionamento interno consigo mesmo, seguro e confiante, estando bem acompanhada internamente - quando se está só - pode parecer uma boa pedida.

Flávia Couto Basso.