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sábado, 18 de novembro de 2017

Resenha do livro 
A CASA DAS SETE TORRES
HAWTHORNE, Nathaniel

Poesia pura para retratar uma história de agouro, por assim dizer. Foi a primeira obra de Nathaniel Hawthorne que li, confesso, apaixonei! Com certeza será a primeira de muitas outras. Quanta peculiaridade! Uma definição para o livro: Fantástico.
Hawthorne usa todo seu talento para nos mostrar os contrapontos de muitos sentimentos, o bem e o mal, o poder sobre o mais fraco, a perseverança e o desalento, a melancolia e a felicidade, desprendimento,  ganancia e a superação.
O livro nos conta a história da família Pyncheon. Que a partir do seu primeiro representante, o Coronel Pyncheon, carrega um fardo - por quase 200 anos - como resultado desonesto pela qual foi adquirido o terreno onde foi construída a casa das sete torres. Nessa casa vemos passar todas as desventuras de uma família aristocrata através de várias gerações. Desde de sua fundação, pelo Coronel Pyncheon, suas paredes são marcadas por uma maldição lançada pelo  verdadeiro dono do terreno , Matheu Maule, onde a casa seria construída. Pyncheon, com sua ganancia, usa seu poder e consegue uma forma de acusar Maule de um crime, conseguindo assim sua condenação à morte.

A mansão construída há séculos atrás em Massachusetts por um homem rico, poderoso e influente que desejava muito o terreno onde  um senhor humilde morava, e para conseguir esse terreno, ele acusou o proprietário de bruxaria, que na época era motivo para enforcamento. Antes de morrer Maule proferiu uma maldição contra toda a linhagem dos Pyncheon.

Por ter dedurado um "bruxo" o senhor Pyncheon herdou o terreno e construiu a mansão de sete torres com toda a pompa que a época poderia proporcionar, mas no dia da inauguração da casa, em meio à festa onde estava presente toda a alta sociedade, o senhor Pyncheon é encontrado morto em seu gabinete e a casa apesar de bela, ficou conhecida como amaldiçoada pelos moradores da região.

Desde então os Pyncheon passaram por vários acontecimentos horríveis e a casa foi ficando cada vez mais mal vista e a família cada vez mais mal querida, fazendo valer a fama de amaldiçoada. A narrativa desse belo exemplar de literatura nos remete a repensar nossos princípios e nossos preconceitos, todos os verdadeiros valores que nos são ensinados parecem ganhar ênfase e a falsa moral se expõe como uma arma letal capaz de corromper totalmente até o caráter mais puro e intacto, com suas ideologias infundadas e acumuladas por séculos de sistema ditatorial.


Essa perpetuação dos bons costumes hipócritas muitas vezes veementemente defendidos por uma grande parcela dos opressores a fim de reduzir o livre pensamento entre as grandes massas, parece nunca cessar. Essa história poderia com certeza ser ambientada nos dias atuais onde a aristocracia falida tenta iludir remanescentes damas e cavalheiros de que não devem abrir mãos de suas formações e que deve a todo custo perpetuar a opressão e o espírito de submissão entre fortes e fracos.


É uma história que trata de sentimentos profundos, que trata de conflitos pessoais, uma obra para ler e refletir. Carregada também de muito mistério. 
Não recomendo para todos, mais quem quiser se aventurar numa história forte, com sentimentos diversos e realista, eu recomendo.


terça-feira, 14 de novembro de 2017


15 de Novembro a comemoração do retrocesso!

As instâncias superiores da massa de manobra, voraz e capitalista que rege nossa sociedade, está cada vez mais propícia a esforçar-se para exaurir a dignidade do povo brasileiro. Por meio de pressão midiática e força estupenda de esbanjamento de falso poder, enfrentamos a pior fase da vergonhosa redação histórica da Pátria Amada. Somos trabalhadores que desejamos garantir o pão nosso de cada dia, através do nosso suor e amparados pelos direitos, por nós conquistado. Somos vítimas de ratos de porão, sacristia, púlpitos e palanques. Ratos exploradores, roedores de CLT.

Gente, o mundo anda chato! Intolerante.

Como dizia o poeta Renato Russo: “O mundo anda tão complicado...”

A elite é intolerante com o seu próprio povo, querem exaurir com todas as forças democráticas, querem assassinar nossa esperança, como estudante de teologia, usarei um termo do cristianismo para ilustrar: “Se a direita ressuscitar o país será crucificado”.

A pós-modernidade (Como sugeriu o sociólogo polonês Zygmunt Bauman) está a todo vapor para “pós modernizar” o Brasil aos tempos da escravidão, ops... Seria modernização ao período escravocrata.

A banda musical “Titãs” tem uma canção que o refrão diz assim: “Porrada nos caras que não fazem nada”, para a elite brasileira seria ao contrário a canção: “Porrada para os pobres brasileiros, sem vergonha e sem dinheiro, que não fazem nada!”

De que lado você está?

128 após a perda de prestígio á monarquia a elite suga os refratários da Constituição para retomar o seu glamour, meu povo, a elite odeia mais o Brasil do que os próprios estrangeiros.

Ocorreu dia 15 de novembro de 1889 no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, na praça da Aclamação (hoje Praça da República) A Proclamação da República que instaurou o regime republicano no país, derrubando a Monarquia, quando um grupo de militares do Exército brasileiro, liderados pelo comandante Marechal Deodoro da Fonseca, deu um golpe de estado e depôs o imperador D. Pedro II. Institui-se então a República 
Após 67 anos, a monarquia chegava ao fim. No dia 18 de novembro, D. Pedro II e a família imperial partiam rumo à Europa. Tinha início a República Brasileira com o Marechal Deodoro da Fonseca assumindo provisoriamente o posto de “Presidente do Brasil”. A partir de então, o país seria governado por um presidente escolhido pelo povo através das eleições. Foi um grande avanço rumo a consolidação da democracia no Brasil. O que foi que mudou de lá para cá? O que comemorar?

Seria a estupidez humana?

Se a população não se entusiasmou com o 15 de novembro, é porque a mudança proposta, de um imperador para um presidente eleito, não alterava em nada a sua situação de exploração. Qualquer semelhança é mera coincidência. 
A burguesia brasileira se contenta com o triste papel de capitão-do-mato do imperialismo, seja britânico ou norte-americano, oferecendo as riquezas nacionais às companhias estrangeiras em troca de quase nada. Ela se contenta com a exploração dos trabalhadores brasileiros, com a ostentação, a arrogância, a ignorância. Por todos esses motivos, a condição para o desenvolvimento do país e o fortalecimento de uma república forte, democrática e soberana é a liquidação da burguesia brasileira enquanto classe.

A bem da verdade é que, por causa de uma mentira e uma dor de cotovelo que nasceu a República do Brasil e o irresponsável Deodoro derrubou o regime, desrespeitou a Constituição e fechou o congresso. Pelo erro de Deodoro vemos os absurdos da república de hoje!

Pouco se restou dos nossos deputados federais e estaduais, além da falácia de que “a gente trabalha pelo povo brasileiro”.

A casa entrou num estágio tão ridículo que a maioria dos jovens do nosso país já não sabe para que servem os nossos congressistas.

A grave crise política e econômica que assola o país não causa apenas o descrédito e o desemprego. Atinge sobretudo o ânimo dos brasileiros e é a grande causa da desesperança que afeta a nação. 

A valorização da produção de conhecimento é fundamental para a recuperação da autoestima do brasileiro. 

À frente de um governo ilegítimo, com oito ministros investigados por corrupção, e que conduz uma agenda contestada por 92% dos brasileiros, que veem o País no rumo errado, Michel Temer fez com que disparasse a vergonha de ser brasileiro.

É vergonhoso ver como o Brasil se tornou o país da conveniência. 

Coerência faz bem ao país. Ninguém aqui está defendendo ideias e pensamentos únicos. Muito pelo contrário. O contraditório é fundamental para o debate e o fortalecimento da democracia. O que não dá para suportar é ver a conveniência sendo usada de acordo com os interesses pessoais ou para reforçar posições políticas. Isso não é honesto. É vergonhoso.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Conviver com pessoas...


Queira perto de você pessoas que te acrescentam algo.
A vida é apenas uma passagem, curta por sinal, e passa rápido demais para simplesmente existir. Temos que redescobrir a arte, a beleza e a peculiaridade do sentido da nossa existência, para que a vida possa ter gosto. 

É triste dizer mas existe verdades cruéis sobre as pessoas. E conviver com seres humanos torna a vida mais complexa e chata. 

O poeta Mário Quintana dizia: "Viver é a arte de conviver". É verdade absoluta. Pois se não sabemos conviver a vida deixa de ser arte para ser rascunho.

Poderia citar uma lista imensa mas vou citar alguns tópicos sobre a crueldade de viver com pessoas:

*As pessoas te machucam e tentam dizer que a culpa é sua;
*Muitas pessoas somente amam a elas mesmas;
*Pessoas boas não tem nada haver com grau de instrução, classe social, raça ou sexo;

*Muitas pessoas querem ás vezes só aproveitar de você.

Então... Aprenda a lidar com isso e não espere nada de ninguém.

Outra verdade absoluta. Embora, ninguém é obrigado a se conformar com ações de alguém, mas, assim como para todas as demais coisas, é necessário compreensão e prudência, pois, afinal circunstâncias sociais têm o poder de diferir modos de pensar.

Vivemos hoje na época que o sociólogo Zygmunt Bauman nomeou de mundo líquido. Onde todos são livres e não precisam se prender a nada. Onde  os laços afetivos se constroem e se destroem no mesmo dia. Onde a inversão de valores daquilo que eu sou com aquilo que possuo, se inverte de acordo com os interesses alheios. Onde se troca de parceiro como se troca de roupa. Se diz eu te amo para cinquenta pessoas em apenas um ano. Onde tudo é fluído e nada gera segurança ao ser humano.

Conviver com pessoas, entende-se que os maiores motivos pelas ações intolerantes são o ódio e a ignorância - que serve como argumento frouxo para tudo, desde odiar seu governo até odiar o seu parente. Tudo simplesmente pelo ódio e pela ignorância.

As pessoas precisam aprender a se colocarem no lugar das outras e de acordo com seus princípios, busquem ajudá-las a melhorar e não impor ordens ou acatando com palavras frias e grosseiras.

Quem não sabe fazer isso nunca será um bom pai, uma boa professora, um grande profissional, nunca será um grande homem, uma grande mulher.

A pós-modernidade nos mostra pessoas sorrindo o tempo todo, nos mostra pessoas de "luta" com bandeira nas mãos defendendo o macaco prego, mas esquecendo-se completamente da causa humana. Defende banda de rock, artistas,  músicas, e até desconhecidos mas são vazias por dentro que não consegue enxergar o que está do seu lado.

O professor Augusto Cury afirma que: "Um eu forte e maduro inquieta sua ansiedade, protege quem ama, pede desculpas sem medo, aponta primeiro o dedo para si antes de falar do erro do outro, repensa sua história, doa mais, não tem a necessidade de mudar quem ama, conhece portanto, todas as letras do alfabeto: GENEROSIDADE." (Relações Saudáveis p. 152).

Dá para entender porque muitas pessoas não gostam das teorias do professor, porque para essas pessoas isso é ser bom no que é bom. E estes seres ,só aprenderam a ser bons naquilo que é ruim.

Estamos cada vez mais distantes de conviver em uma sociedade generosa. A insensibilidade do ser humano e sua incapacidade de se colocar no lugar do outro, faz com que caminhamos com passos largos em direção ao precipício. 

Por isso, é bom ter sempre por perto pessoas boas, que te agregam algum valor. Caso contrário terá que contar sempre com as pessoas interesseiras de plantão. Aquelas pessoas que só tem compreendem quando querem algo de você. Ainda que seja buscar um copo de água.
Que o momento líquido da humanidade passe logo, para termos a chance de curtir a arte de viver e conviver.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Morrer de Poesia 
[Se te queres matar]Porta de entrada para um mundo chamado: Fernando Pessoa.

Álvaro de Campos "in "Poemas" 
Heterónimo de Fernando Pessoa 

*(Personagem fictício criado por escritores cujo o objetivo é tentar compreender e propagar diferentes maneiras de ver a realidade exterior\interior, tentando manter distancia da visão da realidade ortônima (real, verdadeiro). O autor assina com seu nome verídico a obra, ou seja, quando não se faz uso de pseudônimo).

Se te queres Matar

Se te queres matar, porque não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve teu mundo interior que desconheces?

Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...

E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!
Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...
A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado
De que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas,
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
Porque é a coisa depois da qual nada acontece aos outros...
Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
Do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
Lamentando a pena de teres morrido,
E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
Mesmo que estejas muito mais vivo além...
Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
E depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro em todos um alívio
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...
Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste;
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.
Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?
Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem,
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?
És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?
Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces,
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?
Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente:
Torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
De células nocturnamente conscientes
Pela nocturna consciência da inconsciência dos corpos,
Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
Pela relva e a erva da proliferação dos seres,
Pela névoa atómica das coisas,
Pelas paredes turbilhonantes
Do vácuo dinâmico do mundo...
______________________________________
Pessoa escreveu esse poema no 10º aniversário
do suicídio do seu grande amigo Mário de Sá Carneiro.
O poema demonstra toda raiva e ironia que Pessoa sentia

pelo acontecido contudo não é um ode ao suicídio.


Este discurso é o que precede e não necessariamente o suicídio em si, não são muitos que compreendem a complexidade dos poemas de Fernando Pessoa. Aqui no poema talvez, ele queira exprimir e matar um desejo ou saciar ideias. 

Porém, no sentido em que a vida deixa de interessar, ou pesa menos na balança do que deve haver entre vida e morte pode ser que, "peses mais durando, que deixando de durar".
O fim ultimo parece uma boa solução para quem tem problemas graves. A pergunta de Álvaro Campos (Fernando Pessoa) interpela-nos sempre é: "Se te queres matar, por que não te queres matar?" O indício para refletir no porquê levamos uma vida na qual não gostamos? 


Questões que se colocam a quem é mais sensível e que absorve como uma esponja o que de bom ou de mau se passa á sua volta, e a quem necessita de respostas mais profundas ás perguntas que faz,muitas vezes, a si mesma, não contentando com a superficialidade nem da vida, nem das pessoas.

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. Á parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo". Álvaro de Campos, em Tabacaria.

Da razão á contradição os poemas de Fernando Pessoa são no mínimo perturbadores. Explicita o que acontece com cada um de nós.
A homilia negativa tem um intuito de ressaltar o nenhum valor da vida. Campos defende o suicídio do seu interlocutor e enumera uma série de argumentos que conduzem ao convencimento da inutilidade da vida.Uma espécie de profecia da escuridade, que marca toda a fase do "Engenheiro Metafísico", prenuncio da Tabacaria de 1928, monumento do pessimismo e do fracasso de viver. Posso dizer que mesmo tenebroso e sombrio o poema é certeiro e universal onde, lendo-o, nós mesmos nos lemos.

Um grande desprezo pela vida e uma imensa ironia é lançado ao ego de quem ele se dirige. Se o seu interlocutor possui ainda alguma esperança de merecer sentimentos como amor e afeto, vê-se então na condição de um órfão.

Nesse poema,o ser humano transforma-se no que Heidegger chama de "o-ser-para-a-morte", onde o poeta nega o valor da nossa existência pequena e sem importância, a vida é só um acidente e mais nada.
Absolutamente mais NADA.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Ateu, graças a Deus!
[Sobre Lectio Divina do livro:
Deus um Delírio de Richard Dawkins]


Terminei de ler a bíblia do Dawkins, confesso que é uma literatura  interessante e bem diferente do seu livro de biologia "O Gene Egoísta". O papa dos ateus realmente trouxe-me muitas reflexões acerca da existência do ser humano.

 Em o Gene Egoísta, Richard Dawkins notabilizou-se como um dos mais bem-sucedidos e hábeis divulgadores da ciência, conseguiu tornar a biologia evolucionista acessível e interessante para uma nova geração de leitores. O  livro, Deus um Delírio,  fez de Dawkins o polemista ateu mais famoso do mundo, graças à crítica contundente contra toda forma de religião.

O Dawkins como neo-ateu propaga a necessidade de não crer e fazer com que todos também não creiam. Simplesmente por prazer.
Eu fiz três perguntas durante a leitura. A primeira pergunta foi no início do livro ainda no prefácio "Quem é Richard Dawkins"? Até onde eu sei, só tornou-se popular quando passou a criticar a existência de Deus e assim transformou-se em ídolo dos ateus. Precisamente no capítulo 4, quando ele aborda o tema: Por que quase com certeza Deus não existe, veio a segunda pergunta: "Por que Dawkins odeia tanto a Deus"?
Você pode até não acreditar é um direito seu. Mas a partir do momento que ele passa a alimentar um sentimento, automaticamente ele está dando vida aquilo que é abstrato. Embora o capítulo 4 num todo, mas pareça um livreto de bolso de histórias biológicas e científicas. A ultima pegunta surgiu ao fechar o livro e dizer, fim! A pergunta final, "Richard Dawkins abdicou seu tempo, suas tarefas para escrever esse livro de mais de 500 páginas a troco do quê? Daquilo que ele não acredita? Uau! Como ele é bom! Quem sabe não se torna o salvador e libertador dos seus fãs. Ou ele acha que com essa "bíblia" vai arrastar seguidores e se tornar profeta? Propagar a ignorância intelectual e a sua  mentira sem nenhum embasamento teológico do assunto. Por que ser tão hostil?

Eu reconheço os erros de todas as religiões. Acho que, se um indivíduo não crer em Deus é opção dele. Mas desrespeitar só pelo simples fato de não possuir a delicadeza e a sutileza necessária, para compreender tais mistérios, não pode ser ponte da hostilidade que ele denunciou em seu livro no capítulo 8.

Então prefiro acreditar que por motivos subjetivos do autor, tendo como mestre Charles Darwin que ambos não tiveram a oportunidade de conhecer a Deus. E de repente pela ausência desse encontro e contato, tiveram o desprazer de cair um livrinho de aves nas mãos e a partir daí toda a verdade de vida ser explicada e todos os possíveis mistérios desvendados. Oras, eu posso muito bem assistir a evolução acontecer sem que isso exima a figura divina.

Agora, se um ateu só acredita naquilo que a ciência pode provar. Muito me admira que eles acreditam na não existência de Deus. Se a ciência não é capaz de provar que Deus não existe, como podem defender tal contradição? Pra mim, o fundamentalismo ateísta da Dawkins pode ser considerado ao fundamentalismo de Olavo de Carvalho. Fala, fala e não diz nada, só gosta mesmo de fazer barulho e entupir os bolsos de dinheiro  vendendo os seus livros.


Logo no 1º capítulo, o autor  pretende persuadir os leitores religiosos a abandonarem a ideia da existência de Deus em favor de uma cosmovisão mais sensata. Aparentemente, pretende também consolidar e fortalecer a confiança daqueles que já duvidam do sobrenatural, alistando-os para militarem numa campanha mundial contra a religião.


“Se este livro funcionar do modo como pretendo, os leitores religiosos que o abrirem serão ateus quando o terminarem.”1 Apesar de estar determinado a converter o leitor, não acho que ele acredite nessa possibilidade, afinal de contas, ele mesmo adverte que “fiéis radicais são imunes a qualquer argumentação”.( Richard DAWKINS, Deus, um delírio, p. 29).

Uma coisa que me chamou a atenção na literatura da Dawkins é a arrogância e a soberba que escorre pela boca. Claro, que esse mecanismo é uma característica de neo-ateus portanto, exprime sim, a sua grande maioria massificada em características comuns entre eles: A arrogância.

É curioso ver como alguns pesquisadores que não entendem nada de filosofia e teologia falam com arrogância sobre esses temas como se fossem especialistas. Esse tipo de ignorância é muito frequente nestes neo-ateus que acreditam ser capazes de discorrer acerca de assuntos avançados de teologia e filosofia simplesmente porque possuem um diploma de física. Uma tolice!

Quando a ciência diz que os seres humanos é subproduto do acaso, para estes "seres humanos" manipulado, tudo é permitido. Afinal, pra quê ter exemplo moral, se não existe nenhum tipo de recompensa pelos meus atos?

Eu não confio nas ideias de Dawkins por duas razões: A primeira que ele se parece com aqueles pastores que ganham a vida pregando de púlpito em púlpito, contra o disco da Xuxa tocado de trás para frente. Esse tipo de gente que adota uma plataforma e sai por aqui dando detalhes da mensagem subliminar que estaria escondida nas letras das músicas. Portanto se a Xuxa parar de gravar discos esses "pastores" ficam sem assuntos. Logo, Dawkins só sabe falar de Deus. Então se Deus realmente não existisse Dawkins não seria ninguém. Ele depende de Deus, existindo ou não. É graças a Deus que ele tem comida na mesa e carro na garagem, senão estaria tocando a vida só vendendo livros acadêmicos e nenhum autor de livro acadêmico fica rico, não é comum livro acadêmico virar Best-Seller, ou ainda, estaria dando aula em universidade o que também não faz de ninguém um ser rico e famoso. Mas, devo admitir: Richard Dawkins é inteligente sacou que, o lance de chamar "Deus de um Delírio" pegou e o desrespeito tornou-se a galinha dos ovos de ouro.

Por isso eu não posso acreditar piedosamente em tudo o que ele diz. Porque ele precisa continuar dizendo coisas que vão proporcionar fama e dinheiro. Se há um interesse pessoal, logo a ideia de Dawkins não é das melhores. Até que ponto ele escreve por convicção? Qual ser humano não quer ser rico e famoso? Oras, se eu descubro que pintar quadros me traz fama e dinheiro porquê eu deveria parar de pintar?

Os livros de Dawkins precisa ser "bombásticos" "apimentados" por que senão as editoras não se interessam! Livro no qual, ele pode escrever o que quiser, por não ter compromisso nenhum com a verdade, desde que sua conta bancária aumente a partir de seus fãs e óbvio, nas custas de falar mal de Deus.

Não tinha visitado o site dele, até ler o livro mas, ao digitar o endereço eletrônico para conhecer melhor suas ideias, quase tive a impressão de estar no site do mercado livre. Não é um site de um cientista é um site de loja virtual com livros, CD, DVD, canecas, sacolas, camisetas, não é um espaço para divulgação científica. Camisetas com frases falando mal de um Deus que ele afirma não existir.
Por essa e outras razões não dá para acreditar no que ele escreve.

Existe muitos cientistas que são ateus. Cientistas anônimos que trabalham em suas pesquisas e pouco se importa se existe ou não um ser divino, estão preocupados com suas descobertas e não com Deus. O compromisso deles é com a ciência e não com Deus. Não é agenda deles. Existem também ateus que não são cientistas e vão tocando suas vidas sem gastar seu tempo tentando provar que elefante azul não voa. Porque sabemos que elefante azul com asas não existem.

Mas, a grande maioria se sentem incomodados, por existir pessoas que pensam diferentes deles.
É como se fosse um crime não comungar de suas verdades ou talvez são inseguros demais...

Um cristão não precisa do ateísmo para expressar sua crença. Porém, o ateísmo só acontece por que a crença existe. Ou seja, o ateísmo precisa da crença para existir, precisa do Deísmo para fazer sentido.
Quando um cristão conta para todo mundo seu encontro com Deus, quando torna-se insistente na escuta alheia, para falar alegremente do Deus que ele encontrou, é muito mais coerente com o espírito científico das descobertas, do que as atitudes de alguns ateus que tentam contar pra todo mundo o Deus que ele não encontrou.

A outra razão pela qual eu não confio nas ideias de Dawkins é pelo seu posicionamento "darwinista"  se ele acredita na evolução, acredita na evolução do seu próprio cérebro, como eu posso estar segura em suas conclusões? Já que ele sugere com o cérebro dele- que está em evolução. Suas conclusões são definitivas?  O mais prudente seria aguardar até que seu cérebro esteja totalmente evoluído para que suas conclusões também sejam um produto de um cérebro evoluído não é de um cérebro que está no meio do caminho, que ainda falta 1 milhão de anos para ficar pronto.

Embora, eu possua outras críticas me apresso em dizer: Vale muito a pena ler o livro. O efeito que Dawkins esperava surtir em seus leitores, pra mim não funcionou mas, independente do autor atingir seu objetivo ou não (se é esse o objetivo) eu sugiro a leitura.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

 O Pastor Robô

A Benção, seu robô! 
 Que os parafusos te abençoe!
Viva a tecnologia!

Mas, vem cá...  Definitivamente precisamos explorar a tecnologia para coisas sérias, e que de fato, contribuam para o bem comum, sobretudo dos mais necessitados. Vejam, a Revolução Industrial não para mesmo!

A data precisa para apresentação da "experiência de bençãos" é para o dia 10 de Setembro deste ano. "Momentos de Blessing,  um programa abrangente sob o  lema na Exposição Mundial da Reforma em Wittenberg." O edifício portátil pode brilhar durante a noite em cores brilhantes e será colocado em destaque arquitectônico contemporâneo entre a Igreja do Castelo Tradicional e da nova Câmara Municipal.


Por mais eficiente que um robô possa ser, dificilmente, pelo menos em médio prazo, ele não poderá substituir a "inteligência produtiva" de um humano. Primeiro porque, até que se prove que a inteligência artificial será realmente possível e viável, robôs, em princípio, não pensam, Apenas executam o que nós, seres humanos, programamos que eles façam.

A capacidade de pensar, em todas as suas nuances e complexidades ainda é única do ser humano, E não há máquina capaz de tomar decisões melhores do que um cérebro humano.


O dispositivo  "Bless U-2", pode se comunicar com as pessoas através da tela do computador, procurando com eles citações bíblicas apropriadas em sete idiomas. Assim as pessoas podem escolher inserindo por exemplo, em que idioma deseja sua benção.

A instalação, que era conhecida como "Robot Benção" quer estimular sobre a importância das ações espirituais no século 21. Bless U-2 é a localização da Igreja Luz na área de exposição da globalização, ao mesmo tempo uma tentativa de abordagem religiosa para a digitalização de questões atuais e inteligência artificial. 

Bom, acredito no estimulo do desenvolvimento do potencial humano, para que ele possa criar coisas. E para isso, ainda temos um enorme caminho pela frente. Enquanto isso, vamos nos divertindo com as mais malucas das "criações" do homem.

"Não queremos automatizar o trabalho da Igreja, mas ver se conseguimos trazer ima perspectiva teológica ás máquinas", esclareceu Krebs um dos criadores do robô. "Em outras palavras, a iniciativa não tem o propósito de trazer à Igreja uma quebra de paradigma tão grande quanto àquela que Lutero e outros fundadores da Igreja Protestante trouxeram."

Somente o ser humano possuiu e possui a capacidade de melhorar seu trabalho. De fazer melhor hoje o que fazia ontem. De incrementar a qualidade. E é isso que cada vez mais fará a diferença na sociedade, e não necessariamente através de robôs.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Resenha de Filme: SILÊNCIO


Eu sabia que o diretor Martin Scorsese, que desde 1967, vem tendo uma ascensão significante e progrediu muito dentro do Cinema, não nos decepcionaria.❤

Para 2017, ele nos trouxe essa grande novidade, o filme: SILENCE. Com enredo de ponta. O Drama (Ficção Histórica) é sobre os missionários (Padres Jesuítas Portugueses) perseguidos no Japão. Em uma época onde o Catolicismo foi banido, em busca do seu mentor e a propagação do Cristianismo,  enfrentam uma perseguição violenta. 


No elenco o ator Andrew Garfield,  interpreta o personagem do Padre Rodrigues.  Garfield embora precoce nas atuações, teve destaque e fama quando interpretou o personagem Peter Parker, no filme: O Espetacular Homem-Aranha. 

Também no elenco atores como:  Willian John Neeson , Adam Drive, Ciarán Hinds, contribuíram para que o esperando filme, fosse de fato um grande sucesso.



O longa tem 160 minutos, e marca a retomada da parceira entre Scorsese e o roteirista Jay Cocks, de Gangues de Nova York.  A religião sempre é tema fundamental, profissional e pessoal para o diretor.


É um filme sem trilha sonora onipresente e ás vezes até irritante, sem atuações exageradas feitas pra ser indicadas ao Oscar, sem monólogos explicando como o personagem sofreu, sem qualquer pretensão de responder a perguntas levantadas no próprio filme.✌



O filme se passa no Japão Feudal, sem uma trilha sonora, uma narrativa árida e melancólica, com poucos diálogos. A chegada dos padres no país, vai provocar ira do inquisidor, em um Japão Budista, que não aceita outra religião. 



Uma terra seca para implantar o Catolicismo. Os reverendos oferecem uma saída silenciosa, aproveitando até a fé que reverendos anteriores implantaram. Uma proposta de salvação, para um povo humilde, sem saída, como única esperança o paraíso de estar junto a Cristo. 

Reverendo Sebastião questiona o silêncio de Deus a suas preces. O alimento que ele recebe é a “água” que alimenta o espírito, um dom de Deus. O caminho a percorrer é de fora para dentro, pois aqui, este mundo nada tem a nos oferecer, só aparências. Ele sente-se revestido da coroa do Cristo. A resposta é o silêncio, a verdade está dentro de cada um: uma fé inquestionável.


No SILÊNCIO ele tem que viver e servir. Sente-se um mensageiro de Cristo perdoando os irmãos desafortunados. O catolicismo foi um ponto de luz ou a destruição de uma população que sem esperança neste plano, através do martírio, aceita as promessas de chegar ao paraíso. 


Quando o protagonista e o próprio filme vão questionando a verdadeira essência dessa missão, colocando-se a prova o que seria essa glória divina buscada por Ferreira. A dúvida central do filme aparece nessa relação em que a glória seria de fato para quem? Para o povo que sofre uma repressão pesada concordando com o cristianismo ou para o próprio padre, que, dessa forma, resistindo a essa dor se assemelharia com Cristo? Essa é uma ideia muito utilizada no filme.

O flime tem uma magnifica fotografia. Imagens entre o claro e o escuro. Chuva e sol. Alegria e desespero. Mãos sujas e unidas. O cenário sempre como julgamento de um desespero humano perante a um silênico divino, que é representando com pouca interferência humana. Traz uma natureza que não é redentora, mas um ambiente hostil, impossível de brotar raízes do catolicismo.

Além disso, o filme se despe de uma estética pré-estabelecida, buscando construir planos de extrema contemplação para que sinta peso daquele mundo retratado, embora as soluções narrativas são interessantes, o jogo de imagem não deixou nada a desejar, como um momento que a câmera assume a visão de seu protagonista preso num plano de sequência com movimentos panorâmicos, mostrando através da barras de ferro, a tortura e o sofrimento dos cristãos japoneses, colocando o público não só os olhos do personagem, mas também partilhando seu sentimento de incapacidades e de culpa perante a situação. 


A iconografia e o apego a cruz, e as imagens de Cristo tem dupla função: Para os fiéis, são motivo máximo de adoração; para os governantes, instrumentos utilizados para testar a fé. Essa dualidade é geralmente retratada com muito sofrimento, e Scorsese não faz nenhuma questão de afugentar essa posição em seu filme. Apesar de ser histórico o filme é bem atual, doravante á inúmeras religiões que surgem o tempo todo. E as pessoas sem nenhuma fundamentação apenas segue.

Ano passado eu comentei aqui no Blog Doce Subjetividade ❤ que, SILENCE entraria para a lista do Oscar. Eu tinha certeza que, depois de tantos anos de produção, do brilhante trabalho desenvolvido pelo diretor, isso sem mencionar a fotografia, enredo, elenco, atuações, enfim... Que o filme teria tudo para ser indicado. Após assistir o filme não me surpreende que a Academia tenha esnobado esse filme. A sua inventividade e sua busca extremamente densa por questões que parecem tão fora de moda, não se encontram com o "padrão de qualidade" do Oscar. SILÊNCIO é uma obra prima para poucos olhos.


O filme é baseado no livro que foi lançado em 1966 e desencadeou uma ampla discussão no Japão, por tratar exatamente da perseguição aos missionários católicos no país no século 16.

Novamente, recomendo.