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quarta-feira, 29 de junho de 2016


Amor ao próximo
Tempos difíceis para o amor


"Amarás o Senhor teu Deus de todo coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força! Segundo mandamento é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo". (Evangelho de São Marcos 12,28)


"(...)Não suportais a cossa própria companhia, e não vos amais o suficiente; procurais então seduzir o próximo com o vosso amor e doirar-vos com o seu erro. Eu quisera que todos os próximo e aqueles que se seguem se vos tornassem intoleráveis: Assim teríeis de extrair de vós mesmos o amigo de coração transbordante.
Convocais uma testemunha quando quereis dizer bem de vós; e logo que a haveis induzido a pensar bem da vossa pessoa, vós mesmo pensais bem da vossa pessoa.
Um procura o próximo porque se procura, o outro porque anseia perder-se. O vosso mau amor por vós próprios converte a vossa solidão num cativeiro".
Assim falava Zaratustra (Friedrich Nietzsche)


A dinâmica do amor passa pelo aperfeiçoamento de nós mesmos. Só é capaz de amar o próximo aquele que tem a capacidade de amar a si mesmo. Depois a dinâmica passa pelo acabamento final - amar a Deus, tornando a obra de arte completa.
O amor a Deus (daquele que primeiro nos amou) impulsiona o amor próprio, facilitando a compreensão de amar o outro. Não existe outro caminho para o verdadeiro amor senão este. 

Jesus unificou todos os mandamentos em um só: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Aparentemente as coisas mais simples são as mais difíceis de se colocar em prática. 

Estamos sempre esperando um troféu, uma recompensa pelos nossos atos de amor  e solidariedade.
Procuramos atrativos para amar o próximo, analisamos se o próximo nos faz algo de bom para ser merecedor do nosso amor e da nossa bondade. É preciso despir de preconceitos, deletar o entulho, conceitos arcaicos que estão tão arraigados que nem parecem abstrações, parecem coisas concretas, e vão gradativamente tornando-se  nossa maior relíquia (e ainda somos capazes de sentir ciúmes).

Com tanta subjetividade no mundo é necessário que eu me ame acima de todas as coisas, Deus existe, porém, está em outro plano e o meu próximo fica para depois, caso dê tempo de amá-lo. "O vosso mau amor por vós próprios converte a vossa solidão num cativeiro" (Nietzsche). 

São tempos difíceis para o amor, as pessoas andam preferindo ficar presas na subjetividade do que sair ao encontro do outro. Porque nem sempre amar o próximo é benéfico, causa alegria,  recompensa emocional, não traz felicidade, tampouco satisfação plena. 
São tempos difíceis para o amor, as pessoas andam preferindo ser o seu próprio deus, o centro de todas as coisas, a suma inteligência, potência e autossuficiência, afinal, elas não se importam com Deus porque são boas o bastante para viver sem Ele.
São tempos difíceis para o amor, já que as pessoas não conseguem amar a si mesma. A falta de amor próprio interfere em todas as áreas da vida porque a maneira como nos relacionamos com o mundo é um reflexo da forma como nos relacionamos com nós mesmos. Portanto, se você não é capaz de se amar, não será capaz de amar outra pessoa.  É, são tempos difíceis para o amor!

Machado de Assis, dizia que "O melhor modo de viver em paz é nutrir o amor próprio dos outros, com pedaços do nosso". Nietzsche, rebate "...  Assim teríeis de extrair de vós mesmos o amigo de coração transbordante." Grandes desafios filosóficos, teológicos, humanos...Diria também, "trabalhoso".

O homem só aprenderá  amar quando estiver pronto para doar seja para Deus, para si ou para o outro, sem exigir absolutamente nada em troca. A satisfação na vida  vem, quando percebemos que levamos prejuízos o tempo todo. Quando somos capazes de amar sem nenhum interesse, pois, é neste movimento que o coração humano ganha qualidade. 

Flávia Couto Basso.

Titãs -  Porque eu sei que é amor






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