Desafios da Arte no Mundo
Contemporâneo
Qual
a relação entre a vida e a arte? Questionamento do século 19 feito pelo
pensador Friedrich Nietzsche. “A arte existe porque a vida não basta”, a
resposta veio no século 21 pelo escritor Ferreira Gullar. Brilhante resposta! É
verdade. Só a vida não basta, por isso, preenchemo-nos deste encantamento.
Mas
como é possível expressar a arte nos dias atuais? O mundo contemporâneo está
reinventando a arte? Ou a arte está recriando o mundo contemporâneo?
Walter
Benjamin detém a mudança do conceito de arte promovida pelos meios técnicos. O
filósofo Hegel pensa a transformação da arte a partir de um ponto de vista
histórico, que envolve toda a história da arte desde os tempos antigos, até a
época moderna. Com a modernidade surgiu o excesso de técnicas e tecnologia,
mas, seria essa arte conceitual chamada contemporânea?
Bom,
ainda que a arte contemporânea seja conceitual, ela transita em nosso meio,
delineando nossas vidas com novas expressões, reinflamando nossa sensibilidade.
A técnica não é tudo e nem pode ser, contudo ela não deve ser ignorada.
A
arte é um campo absolutamente livre, cuja expressividade se dá em formas
diferentes em cada tipo de arte. Sabemos que, algumas obras extremamente
técnicas foram criadas para gerar dinheiro, assim como muitas obas modernas
são. Muitas vezes, algo bem superficial e feito para enganar os que “entendem”
de arte. Por isso, penso na educação da apreciação da arte em sua diversidade.
Desde que, a arte seja simplesmente arte.
A
arte contemporânea não é feita do “novo e original”, assim como ocorreu no
modernismo. Ela se caracteriza principalmente pela liberdade de atuação do
artista, que nunca tiveram tanta liberdade criadora. A reflexão sobre tudo que
diz respeito à arte é tão importante quanto à própria arte em sim, que agora já
não é um instrumento final, mas um instrumento para que possa meditar sobre os
conteúdos impressos no cotidiano.
Acredito
que não seja a falta de técnica o grande responsável pela crise no meio
artístico, mas sim a falta de sensibilidade para sentir a arte pelas velozes
transformações vivenciadas no mundo atual. A arte conceitual iniciou-se na
década de 60, este movimento artístico abriu mão do formalismo e dos objetos
para se concentrar em ideais e conceitos. O que acontece nas pessoas quando
entram em contato com alguma forma de manifestação artística? A beleza de um
quadro, de uma música, de um filme, nos comove... Faz-nos rir, chorar,
pensar... (Por quê?) É isto que permite que uma obra de Shakespeare tenha
validade hoje: A sensibilidade.
Talvez
as mudanças brutais não estejam apenas nas ocorrências do Renascimento ao
Conceitual, mas na mudança de comportamento; na ausência de sensibilidade deste
homem pós-moderno de encarar a arte como vida, de compreender que o artista é
capaz de expressar aquilo que talvez não somos capazes de explicar em nós!
Na
arte, a tradição e reinvenção estão sempre num movimento constante é em cada
subjetividade que seus talentos e ideias se tornam concentradas, daí, muito se
explica dos artistas serem persistente, comprometido e tão dedicado. A arte
exprime o que existe de melhor no ser humano, seja para quem cria ou para quem
aprecia. Toda arte é expressão e inovação que emana naturalmente da alma,
instiga e sugere o espectador.
Vivemos
em uma sociedade um tanto pragmática, onde o contexto está passando
desapercebido por conta de um imediatismo social. Essa é a grande crise na
arte, um subproduto do pensar do artista.
Vemos
que hoje, se produzem inovações para todas as pessoas e todos gostos refinados,
para o artístico muitas inovações ficam em desconcertos, por não conseguirem
compreender as várias manifestações artísticas que correspondia às exigências
da vida daquele mundo, daquela cultura. Por exemplo, quando Portinari pintou
crianças, lavradores e retirantes, os apreciadores se reconheciam em todos
aspectos artísticos. Hoje as atuais expressões artísticas estão buscando a si
mesmas por meio de expressões subjetivas, deixando a desejar o despertar da
apreciação alheia. O cinema, a poesia, a música, o quadro, etc. sofrem pelo
nascimento do seu criador e pela falta de sensibilidade.
Por
fim, é bom que surjam novas expressões artísticas porque nos fazem ver as
crises de forma mais clara, uma vez que a crise sócio- econômica, a crise de
valores e inversões, a crise do imediatismo, a crise em todos os amplos
sentidos de crise reflete profundamente nas produções artísticas que nos cerca,
exemplo: Nunca se produziu tanta música ruim como hoje. A crise afeta o
artístico e a arte atual é a destruição do velho tipo, mas não é ainda o novo
tipo. Sigo acreditando que a peculiaridade da beleza de uma obra de arte pode
renovar nossa esperança e sensibilidade para dias melhores.
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