Sou brasileira com muito orgulho,
com muito amor!
Mas, afinal o que é ser “brasileiro”? Somos brasileiros ou
nos tornamos brasileiros, a partir de uma cultura? O que nos torna brasileiros,
a nacionalidade? Ou o culturalismo?
Não gosto de generalizações, nem tampouco de colocar toda a
farinha, dentro do mesmo saco.
A natureza nos brindou com uma terra agradável que "em
se plantando tudo dá" e a vantagem de não ter que viver às voltas com
furacões, vulcões, terremotos, maremotos e tantas outras coisas. Temos, sim,
enchentes, deslizamentos, essas coisas, mas nada comparável ao que vemos nos
noticiários em relação ao que ocorre lá fora.
É sim, gigante pela própria natureza!
O Brasil, é formado por grandes nomes, brasileiros e brasileiras
- que com sua arte, história, poesia, luta, música, convicção, luta e amor por
esse país, norteou o rumo da nossa nação.
Ser brasileiro também é, construir escolas e juntar forças
para levar experiências de vida e histórias aos lugares mais remotos da
Amazônia. É dar importância aos índios e às pessoas que, apesar de viverem em
lugares remotos, fazem parte de nossa sociedade e compartilham o mesmo sonho.
O antropólogo Roberto
Da Matta em sua obra "O Que Faz o Brasil, Brasil?", compara
a postura dos norte-americanos e a dos brasileiros em relação às leis. Explica
que a atitude formalista, respeitadora e zelosa dos norte-americanos causa
admiração e espanto nos brasileiros, acostumado a violar e a ver violada as
próprias instituições; no entanto, afirma que é ingênuo creditar a postura
brasileira apenas à ausência de educação adequada.
Quem nunca ouviu a famosa expressão “Jeitinho Brasileiro”,
pois é...
Chegamos na parte da nossa leitura, em que muitas pessoas
repudiam e se reconhecem.
Diversos personagens do imaginário popular brasileiro trazem
esta característica. Um dos mais conhecidos é o Pedro
Malasartes, de origem portuguesa, profundamente enraizado no folclore
popular brasileiro através do livro Malasaventuras, escrito pelo
paulistano Pedro Bandeira. João Grilo, personagem de Ariano
Suassuna em Auto da Compadecida, também carrega em si o
jeitinho. Volto a frisar, não devemos colocar toda a farinha, dentro do mesmo
saco.
Oras, analisemos a sociedade atual e o “seu jeitinho
brasileiro” de conduzirem as coisas. No meu ponto subjetivo de vista, não
devemos colocar todos os créditos apenas nos governantes. Quem faz o Brasil,
acontecer, são os brasileiros, com ou sem poder.
Um cidadão comum, pode não ter um dos três poderes que regem
a estrutura do nosso país, mas vejamos, o poder que ele tem em suas mãos de
transformação social. Citarei alguns exemplos: Comprar produto pirata, furar a
fila, enganar as pessoas em negócios ilícitos, dar informações erradas para os
turistas, puxar o tapete do colega no trabalho, beneficiar de dinheiro que não
lhe pertence, entre outras atitudes que deveriam ser banidas e recriminadas da
cultura brasileira.
Daí, você pode me perguntar: “Mas, isso só acontece aqui?” A
resposta é não. Muitas trapaças surgiram e perpetuam de acordo com a evolução
da espécie humana, independente do canto deste planeta que ela esteja. Porém,
existe uma peculiaridade: para a maioria dos brasileiros tais atitudes são
consideradas normais, e já estão incorporadas no dia a dia, falta aos
brasileiros noção do que é “certo e errado” do que é “moral e ética” do que “eu
posso e do que não convém”. A reflexão é bem simples, não é porque eu posso
fazer, que me convém fazer. Não é porque me convém que devo praticar.
O Brasil também vai para a rua e exigir mudanças, rompendo
com o silêncio e se sentindo livre para expressar seus desejos. É parar o país
ao menor sinal de indignação.
Aqui, convido os ilustres leitores a uma rápida reflexão:
Vocês já viram brasileiros irem para as ruas manifestar-se contra “os gatos”?
Certamente não, pelo contrário, brasileiro vibra quando consegue puxar a TV a
cabo do vizinho.
Se estamos na era do “vem pra rua”, das hashtags estamos
cansados de corrupção, porque será que os plantonistas, ainda não saíram para a
rua pedindo o fim da sonegação do imposto de renda?
“Se beber não dirija”. Segundo os dados da Polícia
Rodoviária Federal para a campanha Operação Carnaval 2017, foram registrados
1.696 acidentes em 2017, a quantidade de vítimas fatais aumentou 23,9% em
relação a 2016 (113 óbitos).
Numerosos são os trabalhadores que pegam atestado médico,
sem estar doente para poder faltar do trabalho. Daí, surge a crítica: Existe
uma máfia de médicos, que vendem atestados. Eu vou retrucar: Sim, existe!
Vivemos em uma sociedade capitalista, tendo dinheiro se compra qualquer coisa,
tudo está a venda. Por isso, repito, brasileiro não tem noção de certo e
errado. Tudo me é permitido, nem tudo me convém.
Brasileiro, quando vai viajar pela empresa, o almoço custa
R$20,00, ele pega nota de R$30,00. Brasileiro não lê, não estuda, só pensa em
feriado, reclama da segunda-feira, tem preguiça de levantar cedo, culturalmente
cultiva o futebol, a cerveja, as novelas, as redes sociais para ser juiz de
todos os casos, aqui mais um exemplo, de falta de noção. Brasileiro não opina,
brasileiro julga.
Até os titulados “doutores,” são maus educados. Os nossos
governantes, sem noção. O nosso povo, estúpido e a nossa cultura é machista,
opressora e vulgar. O que fazer, então?
A receita pronta não existe. Mas, uma coisa é certa. Se cada
um cumprisse o seu papel, a partir dos seus nichos, tornaríamos patriotas mais
civilizados e menos ogros.
Se eu começar na minha casa, ensinando meus filhos, a não
tratar como normal o que é imoral, eles vão carregar e espalhar consigo o que
incorporaram como correto e assim consecutivamente.
Não existe varinha mágica, mais existe ética, noção e moral.